quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Podem me chamar de mendiga da afeição alheia. Não me importo. I'm thirsty of love.

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Às vezes eu tenho vontade de dar umas boas bofetadas em mim mesma, tipo auto-flagelo mesmo pra ver se eu me oriento. Porra, sou jovem, tenho saúde, sei que as pessoas se importam comigo, que me incentivam  e ainda assim fico me lamuriando, fazendo merda nenhuma pra melhorar. Quando não, fico me fazendo de coitadinha, sem comer, deprimida... Toma tenência, sujeita!

domingo, 17 de novembro de 2013

quinta-feira, 14 de novembro de 2013



Verbo rangia. Ouve. Ouço e falo. Mas-turba- caneta. Me mata-borrão. A pequena-morte, s'il vous plaît.

quarta-feira, 13 de novembro de 2013



Chama e fumo

Amor - chama, e, depois, fumaça...
Medita no que vais fazer:
O fumo vem, a chama passa...

Gozo cruel, ventura escassa,
Dono do meu e do teu ser,
Amor - chama, e, depois, fumaça...

Tanto ele queima! e, por desgraça,
Queimado o que melhor houver,
O fumo vem, a chama passa...

Paixão puríssima ou devassa,
Triste ou feliz, pena ou prazer,
Amor - chama, e, depois, fumaça...

A cada par que a aurora enlaça,
Como é pungente o entardecer!
O fumo vem, a chama passa...

Antes, todo ele é gosto e graça.
Amor, fogueira linda a arder!
Amor - chama, e, depois, fumaça...

Portanto, mal se satisfaça
(Como te poderei dizer?...)
O fumo vem, a chama passa...

A chama queima. O fumo embaça.
Tão triste que é! Mas...tem de ser...
Amor?...- chama, e, depois, fumaça:
O fumo vem, a chama passa...

Manuel Bandeira

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Vai-te
Vate daqui
Eu só quero
Existir...
Alcina, cega. Cheiro de... Tirou-me o primeiro galo da testa com um facão. Caldinho de feijão com arroz. No cabelo, shampoo Johnson de camomila pra mantê-lo loirinho. Cadeira de balanço em frente a estante de vinis. Cheiro amadeirado. Telefone de disco, pelo qual sempre tive vontade de ligar pra pizzaria. Cágados enterrados no quintal que pareciam  se esconder pra eu não vê-los, peixe elétrico num tanque. O bode que uma vez me deu uma carreira. O infeliz do ex-marido que a abandonou ou o contrário, nunca soube ao certo. O Roque. Sempre ouvia dizer a minha mãe, quando reclamava de alguma coisa do meu pai: Ah, minha filha, é assim mesmo, não vê aquele desgraçado do Roque... Enfim, Alcina calcinou e antes disso nem fui vê-la. Medo de encontrar uma ausência pr'aqueles lados. Vovó Alcina, mais minha avó que qualquer outra. Ponta Grossa. Ainda olho pra porta da sua casa quando passo por lá. Praça Moleque Namorador, carnavais alegres. Bairro feliz.
Pedi a minha avó(de sangue) embora sangue me remeta ao pathos que une as pessoas, ao padecimento e a comunhão a despeito de tudo(mas na falta de outro termo com que designá-la, vai esse mesmo) que me desse uma lembrança do avô morto que nem conheci. Desde que ela me deu seus óculos. Era enorme, armação dourada e veio numa caixinha verde oliva toda carcomida. Guardava na gaveta das calcinhas salvo engano. Na verdade sempre alimentei a pretensão de usá-lo quando tivesse o rosto maior. Mas mesmo hoje, já adulta, conservo o rosto ainda muito fino e exíguo, infantil mesmo. Portanto, o medo que ele me fugisse frouxo à face me reteve. Mas antes isso, pelo menos teria o consolo de dizer que foi avariado pelo uso, poderia dizer que senti em minha fronte errática o peso da armação flutuando no rosto. De qualquer maneira, deve está guardado até hoje em uma gaveta que não mais me pertence, n'outra casa. Bobagem, aos 11 ganhei meus próprios óculos estreito e apertado, sob medida.
Minha mãe foi quem me alfabetizou e me ensinou uma porção de outras coisas. Mas isso pouco me importa. Nunca lembro disso. Quem me ensinou as melhores coisas foi sempre o ausente.Como a pescar, a curtir música e a me fingir de esperta, a malandragem bruta de viver com pouco e demonstrar alegria assim mesmo. Afinal de contas eu não era filha de rico. Queria ter aprendido a beber com ele também, a ficar de conversa fiada em qualquer bar da esquina e sempre achar alguém a quem chamar de camarada. Pelo menos sempre se tem com quem conversar e chorar quando se é assim. Chorava quando bebia. Tínhamos um móvel cheio de bebidas na sala com latas de cerveja antigas dentro, adorava abrir pra sentir o cheiro do cachimbo que também ficava lá. A aparência diáfana das garrafas  produziam um efeito mesmerizante em mim, embora sempre tivesse pressentido  que o conteúdo era amargo. Sorver o tabaco e exalá-lo através da fumaça incensante sempre me pareceu mais instigante. Filosófico mesmo. Oh, Deus, não seria melhor ser ébria. 
A primeira coisa que aprendi na vida foi a romper laços. Aos 9, com a dentição quase completa, quase sem dentinhos de leite, fui apartada. Doravante, aprendi a cultivar ausências.